Nunca sonhei com um cárcere onde houvesse pássaros
Este livro de artista existe como uma tentativa de recorte artístico e temporal do momento em que vivo aqui, em isolamento. As paisagens e elementos naturais retratados em aquarela são imagens que me rodeiam, muitas delas pintadas em loco. Esse processo de observação aprofunda a minha relação com o momento e a natureza ao meu redor, fazendo com que meu olhar se demore entre os pormenores de cada manifestação natural.
Os textos contidos no livro são fragmentos de conversas que venho tendo com um amigo, Jeronimo Bueno, músico e escritor. Ambos encontram-se fazendo a troca do ambiente urbano pelo rural e, apesar da distância física, compartilhamos a mesma busca pela reconexão com a natureza primordial. Nossas divagações a respeito desse momento incerto são uma das poucas trocas virtuais que mantenho. Sendo esse, mais um dos efeitos do isolamento.
O título do livro “Nunca sonhei com um cárcere onde houvesse pássaros” reflete sobre como mesmo estando em espaço privilegiado e belo, onde floresce a vida, o cárcere ainda se mantém na falta de contato com o mundo externo. Fazendo com que nós, sejamos em última estância, nossa própria cela.

Impressão digital, papel kraft e algodão
20 x 20 x 3cm
2021